mor.te
sf (lat morte) 1 Ato ou fato de morrer. 2 Fim da vida animal ou vegetal; termo da existência. 3 Pena capital. 4 Destruição, perdição. 5 Pesar profundo. 6 Fim, termo. 7 Mit Divindade representada por um esqueleto humano armado de uma foice e que a crendice popular supõe ceifeira de vidas. [Michaelis]
O maior mistério da vida tratado por um alto executivo espírita. Alexandre Caldini, presidente do Valor Econômico, deixa de lado o clichê cético de seus pares e mergulha nessa tão natural e apavorante obviedade da vida em A morte na visão do espiritismo – Um livro para quem quer compreender o que acontece no momento em que morremos e depois, publicado pela Belaletra. Para ele, a morte é nada mais que uma etapa da vida, uma “troca de roupa”.
Maria, adolescente filha de um amigo do autor, que sofrera a morte repentina de sua mãe, inspirou Caldini. Das conversas com a menina renasceu o desejo de escrever sobre o tema – vontade que iniciara e abandonara em 2001, quando o sofrimento de uma cara amiga o inquietou.
Nas folgas entre o Natal e o réveillon de 2012 passou a conversar com outra Maria, agora interlocutora universal, a quem suas palavras se destinam. “Gosto e leio muito Sêneca [Lucius Annaeus Seneca, filósofo de Córdova que viveu entre os anos 4 a.C. e 65 d.C.], que pensou bastante a morte. Cito-o muito no livro. Em Sêneca inspirei-me também no modo como estruturei o livro. Nas suas Cartas a Lucílio ele dialoga (não ouvimos a outra voz) com o amigo. Busquei seguir por esse caminho também: minha conversa com Maria”, disse ao Portal dos Jornalistas.
O trabalho foi lapidado ao longo de 2013, “entre voos, salas de espera, noites e feriados”. Em outubro do mesmo ano, recebeu um convite de Ana Landi (ex-Valor Econômico, Folha, JT e Gazeta Mercantil), editora da Belaletra, para um outro projeto – que será lançado este ano. Aproveitou para mostrar-lhe os originais, e dois meses mais tarde o livro estava nas lojas. “O livro nos surpreende a cada dia”, comentou Ana. “Não que eu não esperasse o sucesso dele (na verdade, tínhamos certeza), mas pela acolhida e pela forma como ele toca as pessoas”.
Por causa da obra, Alexandre – que diz acreditar ter sido rei, césar, faraó, czar, califa, marajá, imperador, cacique, milionário, cientista famoso, virtuose, galã de Hollywood e, sempre muito modesto, brinca, justo e bom, além de possivelmente um pouco mentiroso – alimenta um site sobre o assunto. Nele, esclarece algumas questões e comenta atualidades sobre espiritismo, como a fala de Vanessa Andrade, filha de Santiago Andrade, o cinegrafista morto recentemente no Rio.
Toda a renda obtida pela venda do livro – que está na lista dos mais vendidos publicada pela Folha de S.Paulo e já entrou em segunda reimpressão, com tiragem de 6 mil exemplares, a mesma da primeira – será doada ao Núcleo Espírita 22 de Setembro, em Pinheiros, São Paulo, que Caldini frequenta. Ele pode ser adquirido pela Livraria da Folha.
Por: Mariana Ribeiro
Espírito, consciência e cérebro
Livro de
neurocientista canadense apresenta um debate em favor da dissociação entre os
fenômenos da consciência e as estruturas cerebrais
Juvenal Savian Filho
Tem sido muito comum encontrar na literatura
científica defensores de uma identificação entre o funcionamento cerebral e os
fenômenos da consciência humana, incluindo as experiências espirituais.
Chegou-se mesmo a defender a existência de um gene de Deus, ou seja, um gene
que predisporia o indivíduo à crença, à espiritualidade. É o caso do
geneticista americano Dean Hamer, autor do livro O gene de Deus. Certamente
Hamer não quer defender que o cérebro humano é quem “cria” Deus, mas muitos de
seus seguidores chegaram à conclusão de que Deus é uma invenção, ligada à ação
da serotonina, a molécula do bem-estar.
Na contracorrente dessa posição está o neurocientista
canadense Mario Beauregard, que encontra também em pesquisas neurocientíficas
bases para dissociar os fenômenos da consciência humana, sobretudo referentes à
espiritualidade, dos meros mecanismos cerebrais. Suas pesquisas o levaram a
falar na existência da alma como princípio imaterial e pensante de toda
entidade dotada de vida. Mario Beauregard é membro do Centro de Pesquisa em
Ciências Neurológicas e do Centro de Pesquisa em Neuropsicologia Experimental e
Cognição da Universidade de Montreal. Ele respondeu às questões propostas pela CULT
em passagem pelo Brasil, onde foi lançado seu livro O cérebro espiritual –
Uma explicação neurocientífica para a existência da alma (Editora Best
Seller).
Baauregard:
"Para mim, a alma é o princípio pensante de toda entidade dotada de
vida"
CULT – Seu livro faz menção aos limites do
materialismo científico. O senhor poderia resumir a ideia central do
materialismo?
Mario Beauregard – A ideia central do materialismo consiste em que tudo o que existe tem uma causa material, isto é, uma causa governada pelas forças da natureza tais como compreendidas pela física clássica. Segundo o materialismo, a consciência e o espírito (quer dizer, os processos mentais) não podem existir independentemente do cérebro; e a crença numa vida após a morte seria absurda. Além disso, todas as crenças e experiências referentes a Deus e a mundos espirituais seriam fruto de superstições ou alucinações; o livre-arbítrio, ainda, seria uma ilusão.
Mario Beauregard – A ideia central do materialismo consiste em que tudo o que existe tem uma causa material, isto é, uma causa governada pelas forças da natureza tais como compreendidas pela física clássica. Segundo o materialismo, a consciência e o espírito (quer dizer, os processos mentais) não podem existir independentemente do cérebro; e a crença numa vida após a morte seria absurda. Além disso, todas as crenças e experiências referentes a Deus e a mundos espirituais seriam fruto de superstições ou alucinações; o livre-arbítrio, ainda, seria uma ilusão.
Quais elementos o senhor encontra nas neurociências
para afirmar que o materialismo não é suficiente para bem interpretar a vida
cerebral?
Interesso-me particularmente pelos trabalhos em neurociência que visam compreender as relações entre o espírito, a consciência e o cérebro. Alguns desses trabalhos referem-se à experiência de morte clínica durante uma parada cardíaca. Quando há parada cardíaca, o cérebro deixa de funcionar depois de cerca de 10 a 20 segundos. Ora, muitos pacientes em estado de parada cardíaca parecem inteiramente capazes de experimentar processos mentais. Esse fenômeno demonstra que o espírito e a consciência não são gerados pelo cérebro.
Interesso-me particularmente pelos trabalhos em neurociência que visam compreender as relações entre o espírito, a consciência e o cérebro. Alguns desses trabalhos referem-se à experiência de morte clínica durante uma parada cardíaca. Quando há parada cardíaca, o cérebro deixa de funcionar depois de cerca de 10 a 20 segundos. Ora, muitos pacientes em estado de parada cardíaca parecem inteiramente capazes de experimentar processos mentais. Esse fenômeno demonstra que o espírito e a consciência não são gerados pelo cérebro.
Poderíamos falar de alma?
Para mim, a alma é o princípio imaterial e pensante de toda entidade dotada de vida. A alma faz parte integrante da Fonte (Deus) de tudo o que existe no universo.
Para mim, a alma é o princípio imaterial e pensante de toda entidade dotada de vida. A alma faz parte integrante da Fonte (Deus) de tudo o que existe no universo.
Quando uma pessoa diz ter vivido uma experiência
espiritual e captado aspectos não materiais da realidade, como podemos saber se
isso que ela viveu não é uma criação de sua própria imaginação? O que nos leva
a pensar que essa pessoa teve realmente a experiência de algo exterior,
diferente dela mesma?
As experiências espirituais autênticas produzem frequentemente uma transformação psicológica marcada e positiva nos experienciadores. Uma tal transformação é acompanhada de uma maior capacidade de amar incondicionalmente, de não julgar o outro e de sentir a interconexão profunda com tudo o que existe. Efeitos benéficos como esses, e a longo prazo, não são associados ao imaginário ou a alucinações. É por isso que afirmo que as pessoas que vivem tais experiências entram em contato com uma realidade transcendente.
As experiências espirituais autênticas produzem frequentemente uma transformação psicológica marcada e positiva nos experienciadores. Uma tal transformação é acompanhada de uma maior capacidade de amar incondicionalmente, de não julgar o outro e de sentir a interconexão profunda com tudo o que existe. Efeitos benéficos como esses, e a longo prazo, não são associados ao imaginário ou a alucinações. É por isso que afirmo que as pessoas que vivem tais experiências entram em contato com uma realidade transcendente.
As neurociências podem fornecer um apoio para a
afirmação da existência de Deus?
As neurociências englobam todas as disciplinas que estudam a anatomia e o funcionamento do sistema nervoso. Essas disciplinas procuram estabelecer ligações (ou correlatos) entre o sistema nervoso e as funções mentais (por exemplo, consciência, memória, atenção, emoções). A questão da existência de Deus não pode ser resolvida pela identificação de correlatos entre a atividade cerebral e a atividade mental.
As neurociências englobam todas as disciplinas que estudam a anatomia e o funcionamento do sistema nervoso. Essas disciplinas procuram estabelecer ligações (ou correlatos) entre o sistema nervoso e as funções mentais (por exemplo, consciência, memória, atenção, emoções). A questão da existência de Deus não pode ser resolvida pela identificação de correlatos entre a atividade cerebral e a atividade mental.
O que o senhor pensa sobre a hipótese do “gene de
Deus”?
Os resultados de numerosos estudos em genética indicam que os traços de personalidade e os comportamentos humanos implicam uma grande quantidade de genes. Assim, falar de um “gene de Deus” não tem sentido no plano científico e representa uma forma extrema de pensamento reducionista. É preciso precaver-se contra a tentativa de buscar uma explicação simples e única para todo fenômeno mental complexo; principalmente no que concerne à espiritualidade.
O cérebro espiritual – Uma explicação neurocientífica para a existência da Alma
Os resultados de numerosos estudos em genética indicam que os traços de personalidade e os comportamentos humanos implicam uma grande quantidade de genes. Assim, falar de um “gene de Deus” não tem sentido no plano científico e representa uma forma extrema de pensamento reducionista. É preciso precaver-se contra a tentativa de buscar uma explicação simples e única para todo fenômeno mental complexo; principalmente no que concerne à espiritualidade.
O cérebro espiritual – Uma explicação neurocientífica para a existência da Alma
Mario
Beauregard
Trad. :
Alda Porto
Editora Best Seller
Editora Best Seller
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